Ministério Público Federal pede fiscalização de crimes ambientais na transposição do S. Francisco na Paraíba

Dentro de um inquérito civil aberto sobre a Transposição do Rio São Francisco na Procuradoria da República em Monteiro, na Paraíba, o Ministério Público Federal (MPF) pediu ao Ibama para prevenir e reprimir crimes ambientais no leito do Rio Paraíba, que recebe a água do projeto. A ação, para descobrir se há extração ilegal de areia e outros minérios, deve ser desde a nascente, na divisa com Pernambuco, até o açude Boqueirão, onde a água deverá chegar em abril, segundo previsão do Ministério da Integração Nacional.

O MPF contesta o prazo do governo federal. O órgão afirma que o motivo são barramentos, problemas na calha do rio e a baixa vazão. O problema já havia sido apontado no início de fevereiro, quando um documento apontou que seria “difícil” que a água chegasse à Paraíba em março. Com a água em Monteiro desde o dia 10, a procuradoria denuncia que o município ainda não teve o abastecimento de água regularizado.

O eixo leste foi projetado para beneficiar 4,5 milhões de pessoas em 168 municípios da Paraíba e de Pernambuco. A Integração Nacional anuncia que começaram a ser abastecidos esse mês 35 mil pernambucanos em Sertânia e 33 mil em Monteiro, apesar do que afirma o MPF. A obra começou em 2007, no segundo mandato do ex-presidente Lula (PT), com expectativa de ser concluída três anos depois. Foram investidos até agora mais de R$ 9 bilhões.

A inauguração foi no último dia 10, em cerimônia com o presidente Michel Temer (PMDB). A entrega da obra está sendo marcada pela disputa de paternidade. Nove dias depois, Lula e Dilma Rousseff também estiveram em Monteiro para um ato político em que enfatizaram que mais de 80% da construção dos canais foi no governo dos dois. O peemedebista havia dado um recado para Lula quando esteve na Paraíba ao afirmar que não queria a paternidade da Transposição – “Ninguém pode tê-la”, afirmou – e foi rebatido: “Se eles têm vergonha, eu não tenho. Nós somos pai, mãe, tio, primo e sobrinho da Transposição do Rio São Francisco.”

A estratégia de Lula foi adotada após uma aproximação de Temer e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), da obra. O tucano, que pode disputar com Lula a presidência em 2018, cedeu bombas através da (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). O último conjunto deveria ter sido acionado nesta quarta-feira (29), em Sertânia, mas para dobrar a vazão e fazer a água chegar a Campina Grande, onde deve abastecer 400 mil pessoas.

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