O ex-diretor do setor de operações estruturadas da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas, afirmou em delação premiada, que a área criada na empreiteira para realizar os pagamentos de propinas movimentou mais de R$ 10,6 bilhões entre os anos de 2006 e 2014. Ao Ministério Público Federal (MPF), Mascarenhas afirmou que os recursos circulavam por meio de contas offshore, isto é, contas abertas no exterior que oferecem vantagens como isenção de impostos e sigilo fiscal.
De acordo com Mascarenhas, houve um alerta para o então presidente da empresa, Marcelo Odebrecht , sobre os valores pagos em propina que, segundo ele, estavam muito altos. “Estava preocupado, muita gente participando das obras, e pressionei. Fui a Marcelo, várias vezes, e disse: ‘não tem condição, US$ 730 milhões é bilhão [em reais]. Nem um mercado tem essa disponibilidade de dinheiro por fora e não tem como operar isso. É suicídio’”, afirmou.
Segundo ele, como resposta, Marcelo deu a orientação de “segurar”. O ex-diretor do setor destinado às propinas disse que cada executivo responsável por obras da Odebrecht poderia solicitar o recurso para fazer as obras andarem. De acordo com o depoimento, os gerentes das obras recebiam bônus se atingissem as metas definidas para cada empreendimento.
“Se você der aquele resultado você ganha tanto. [Então] você quer que o mundo se acabe, [mas] você quer atingir aquela meta e colocar no seu bolso, o seu milhão [no bolso]. Se fazia qualquer coisa que tinha que fazer e atingir”, afirmou. Em seu relato ao MPF, Mascarenhas afirmou que a prática foi banalizada.
“Tem que tratar esse assunto como um extra, uma necessidade. Não como prazer de comprar alguém. Já estava virando um prazer de comprar [as pessoas] e isso me incomodava”, disse, ao contar que os valores pagos pelo setor da propina caíram em 2014 depois que ele pressionou Marcelo Odebrecht.
O ex-diretor da Odebrecht relatou ainda, que para proteger a identidade de quem recebia a propina, o responsável por determinada obra da empreiteira dava um apelido para o beneficiário do dinheiro. O setor de Operações Estruturadas foi encerrado de forma oficial em 2015, por ordem de Marcelo Odebrecht.
Com informações da Agência Brasil.
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