Detran-PE: a maior greve em 10 anos

A greve dos servidores do Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE) alcançou, hoje, um índice histórico: 45 dias de braços cruzados, tempo recorde de paralisação nos últimos 10 anos. Enquanto órgão e servidores não se entendem, a população segue prejudicada sem ter acesso a serviços básicos.

Monique Karine, estudante de 24 anos, não consegue renovar sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH). “Eu já fiz a prova da categoria B antes da greve e passei. Falta a do tipo A, mas não consigo marcar prova nem pedir cancelamento porque tá parado. Eu não tenho culpa. Vou ter que pagar tudo de novo?”, desabafou.

A moça ainda relata que precisa da habilitação por causa do emprego: “Eles pedem que eu tenha carteira, mas como que vou conseguir se tá tudo parado?”.

Desempregado há 10 meses, Daniel Bernardo da Silva, de 31 anos, conta que não pôde aceitar três propostas de emprego por, justamente, não estar com a carteira de habilitação em dia. “Eu fiz tudo direitinho para renovar ela (a carteira), só que o dia que a prova foi marcada, coincidiu com a greve. Não consigo ir para as entrevistas de emprego por não ter o documento atualizado”, queixou-se.

De 2007 a 2017, houve sete paralisações oficiais, com suspensão de serviços. Mas nenhuma até então havia alcançado uma duração tão longa quanto a deste ano.

Os servidores do órgão pedem que seja cumprido o que o governo do Estado prometeu em 2016, como a contratação de um plano de saúde. Hoje existe um, mas contratado de forma emergencial, sem licitação que o ampare, pagamento de insalubridade para os funcionários que trabalham com vistoria de veículos e, por fim, recebimento da gratificação para os servidores de todas as agências no Estado, não somente aos que estão em unidades localizadas nos shoppings centers. O JC procurou o Detran-PE, mas, até o fechamento desta reportagem, o órgão não respondeu às solicitações.

Desde que foi deflagrada, em 13 de fevereiro, a greve foi considerada ilegal pelo desembargador Eduardo Paurá. Como o movimento prosseguiu, a Justiça ordenou que o bloqueio de R$ 180 mil das contas ligadas ao Sindetran-PE. O sindicato recorreu da decisão, e o desembargador aguarda a réplica do órgão. (JC)

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