Flordelis é a 1ª mulher cassada pela Câmara desde a criação do Conselho de Ética

A votação da última quarta-feira (11) tornou Flordelis a primeira deputada cassada pelo plenário da Câmara desde a criação do Conselho de Ética da Casa, vinte anos atrás . Foi o oitavo caso de um parlamentar que teve a perda do mandato aprovada no conselho e confirmado no plenário nessas duas décadas.

A expressiva votação que recebeu a torna a terceira mais votada entre esses oito, com seus 437 ex-colegas de parlamento favoráveis à perda do mandato. Flordelis responde na Justiça pela acusação de ser mandante da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, crime que ocorreu em junho de 2019, em Niterói (RJ).

A agora ex-deputada “perde” apenas para Natan Donadon (sem partido-RO), cassado em 2014 com 467 votos, e para Eduardo Cunha, cassado em 2015, com 450 votos. Na sequência de mais votados aparecem: André Vargas (PT-PR), com 359 votos, em 2015; Roberto Jefferson (PTB-RJ), com 313 votos, em 2005; André Luis (MDB-RJ), com 311 votos, em 2004; José Dirceu (PT-SP), com 293 votos, em 2005; e Pedro Corrêa (PP-PE), com 261 votos, em 2006. Para que uma cassação seja confirmada na Casa, é necessária maioria simples, ou 257 votos entre 513 deputados.

Nesta quarta-feira, foram 437 votos a favor e apenas sete contra a cassação de Flordelis. Entre os deputados que votaram contra a perda do mandato, dois são do Rio de Janeiro: Glauber Braga (PSOL) e Jorge Braz (Republicanos). Também se opuseram à perda do mandato os parlamentares Carlos Gaguim (DEM-TO), Dimas Fabiano (PP-MG), Fausto Pinato (PP-SP), Leda Sadala (Avante) e Maria Rosas (Republicanos).

O relator do processo de cassação na Câmara, deputado Alexandre Leite (DEM-SP), afirmou no plenário que Flordelis não está sendo acusada, na Câmara, se mandou matar ou não seu marido. Mas por outras questões, como uso do prestígio de deputada para induzir o filho a assumir o assassinato com a promessa de que depois atuaria em tribunais superiores para livrá-lo de uma condenação.

Após a cassação, a prisão preventiva de Flordelis foi pedida à Justiça pelo advogado Ângelo Máximo, que representa a família do pastor Anderson do Carmo, marido da pastora assassinado em 2019. Ela é ré pelo crime na Justiça e a única acusada de envolvimento no assassinato que permanece em liberdade — justamente pela imunidade parlamentar que ostentava até esta quarta.

“Meu mandato foi cassado de forma cruel e covarde”, disse Flordelis, após a decisão da perda de mandato, antes de acrescentar: “Saio daqui pra lutar pela minha inocência e liberdade. Não cometi crime algum.”

Flordelis declarou ainda que o marido assassinado deveria ter pago pelos crimes que supostamente cometera:

“Meu marido precisava estar vivo para pagar pelas coisas monstruosas que ele fez.”

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