PM e ex-PM são presos pelo assassinato de Marielle Franco

Um dos detidos é apontado como o autor dos disparos do crime

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu na manhã desta terça-feira (12) dois suspeitos de participarem do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), morta em 14 de março do ano passado. Integrantes da Delegacia de Homicídios e do Ministério Público, responsável por denunciar a dupla à Justiça, deflagraram operação. Um deles é policial militar reformado e o outro é ex-PM.

A ação foi feita com grupos reduzidos para evitar chamar atenção. Às 5h, equipes já cumpriam mandados de prisão em endereços dos suspeitos. Segundo nota divulgada pelo Ministério Público do Rio, um dos presos é o policial militar reformado Ronnie Lessa, 48 anos. Ele é suspeito disparar a arma que matou a vereadora e seu motorista, Anderson Gomes. Gomes levava Marielle e uma assessora de um evento da Lapa, na região central da cidade, para a Tijuca, na Zona Norte. No meio do caminho, em uma área do Centro conhecida como Cidade Nova, um carro emparelhou com o da vereadora e uma pessoa disparou, segundo a polícia, arma automática.

De acordo com a promotoria, “a empreitada criminosa foi meticulosamente planejada durante os três meses que antecederam o atentado”. O segundo suspeito preso foi o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, 36 anos. Ele estaria dirigindo o carro quando os tiros foram disparados.

Além dos pedidos de prisão, o Ministério Público também pediu a suspensão da remuneração e do porte de arma de Lessa. Também foi pedido à Justiça indenização por danos morais das famílias da vítima e pensão em favor do filho de Anderson Gomes até ele completar 24 anos. Os dois ainda foram denunciados por tentativa de homicídio da assessora de Marielle que sobreviveu ao atentado. Segundo a denúncia, Marielle teria sido morta em razão de sua militância em favor dos direitos humanos. A operação desta manhã foi a primeira com a participação do Ministério Público do Rio, por meio do Gaeco, que é o grupo de combate ao crime organizado. Essa unidade investiga crimes principalmente relacionados às milícias no Rio.

A ação foi batizada de Lume, em referência ao Buraco do Lume, praça no centro do Rio em que parlamentares do PSOL costumam se reunir para falar de seus mandatos, toda sexta-feira. Marielle tinha um projeto no local chamado Lume Feminista.”É inconteste que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia”, diz a denúncia.

A Folha apurou que os presos foram levados para a Delegacia de Homicídios, que lidera as investigações. Está prevista para as 11h uma entrevista coletiva com as autoridades do caso.

Lessa foi preso em sua casa, no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, Zona Oeste. O local é o mesmo em que o presidente Jair Bolsonaro tem casa. Os trechos da denúncia divulgados até o momento não mencionam o nome do presidente.

Ao menos 34 imóveis ligados à investigação tiveram mandados de busca e apreensão expedidos.

De acordo com o jornal O Globo, Lessa entrou na lista de suspeitos após ser vítima de uma emboscada, em 28 de abril, 30 dias depois do assassinato da vereadora. A suspeita seria que pessoas envolvidas no crime teriam tentado promover uma queima de arquivo.

Os investigadores também identificaram que o policial reformado teria feito pesquisas sobre a rotina de Marielle e sobre eventos que participaria semanas antes do crime.

Em janeiro, pelo menos cinco pessoas suspeitas de envolvimento nos assassinatos da vereadora foram presas. Entre os detidos estavam um major da Polícia Militar e dois ex-PMs, identificados como sendo o major Ronald Paulo Alves Pereira, o ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega e o subtenente reformado Maurício Silva da Costa

O general Richard Nunes, então secretário estadual de Segurança Pública do Rio, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que milicianos ligados à grilagem de terras e que atuam na zona oeste do Rio haviam ordenado a morte da vereadora.

Os crimes contra Marielle e Anderson completam um ano nesta quinta-feira (14), com uma série de desdobramentos desde o dia em que disparos interromperam a “Cria da Maré”, no dia 14 de março de 2018.

(O Globo)

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